UFRGS 2024 - O excerto abaixo é retirado de Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo. Considere-o no contexto do romance. Ernesto não ia trabalhar há três dias. Era preto e os pretos eram preguiçosos, queriam era passar o dia estendidos na esteira a beber cerveja e vinho de caju, enquanto as pretas trabalhavam na terra, plantavam amendoim ao sol, suando com os filhos às costas, ao peito, e a enxada a subir e descer para o chão. Preto era má rês. Vivia da preta. Não pensava na vida, no futuro, nos filhos. Só queria descansar, dormitar, dançar, cantar, beber, comer, viver vida boa. Era absolutamente necessário ensinar os pretos a trabalhar, para seu próprio bem. Para evoluírem através do reconhecimento do valor do trabalho. Trabalhando, poderiam ganhar dinheiro, e com o dinheiro poderiam prosperar, desde que prosperassem como negros. Poderiam deixar de ter uma palhota e construir uma casa de cimento com telhado de zinco. Poderiam calçar sapatos e mandar os filhos à escola para aprender ofícios que fossem úteis aos brancos. Havia muito a fazer pelo homem negro, cuja natureza animal deveria ser anulada – para seu bem. Considere as afirmações sobre o excerto.
I - No trecho acima, Isabela Figueiredo revela com crueza a perspectiva colonial que testemunhou no convívio com seu pai, em Moçambique.
II - Na relação entre colonizador português e colonizado, o preconceito racial fazia parte do cotidiano de Moçambique, no período colonial.
III- No trecho acima, a narradora mostra o interesse humanitário dos portugueses para que os colonizados prosperassem pelo trabalho.
Quais estão corretas?
A) Apenas I.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) Apenas II e III.
E) I, II e III.
RESPOSTA:
Letra C.
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